O Rio está mesmo em alta! Os cariocas terão a chance de ver uma peça que não encontrou espaço para ser exibida em São Paulo: a gigantesca aranha "Maman", da artista Louise Bourgeois, de nove metros de altura. A escultura já esta desfrutando a delícia de estar no belo Jardim de Burle Marx.
A mostra estará no MAM RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), no belo prédio do arquiteto Affonso Reidy, onde será inaugurada dia 15 de setembro.
O fio condutor da mostra e de " Louise Borgeois: o retorno do desejo reprimido " ...leiam a historinha, queridos....
Em 1999, a artista plástica franco-americana Louise Bourgeois empunhou canos de aço, parafusos de vários calibres e um capacete de soldagem para expurgar de uma vez por todas a imagem da própria mãe. Fez esboços, avaliou possibilidades e decidiu dar à luz a figura que lhe parecia mais familiar, mais maternal. Assim nasceu "Maman" ("mamãe", em francês), a aranha de dez metros de altura esculpida em metal que, até o dia 13 de novembro, adornará o jardim do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio como chamariz para a exposição "Louise Bourgeois: o retorno do desejo proibido", que está aberta ao público, com 112 trabalhos
"A aranha é uma homenagem a minha mãe, que foi minha melhor amiga", escreveu a escultora - morta em maio de 2010, aos 98 anos de idade - depois de ser interpelada sobre sua obra mais expressiva. "Mamãe, assim como as aranhas, era tecelã, comandava com muita esperteza o ateliê de restauração de tapeçarias de nossa família e era superprotetora dos filhos."
Na opinião de Louise, uma das maiores artistas de seu tempo, nada mais adequado do que transformar a figura maternal num animal peçonhento, gigantesco, com 26 ovos de mármore no ventre. E o bicho fez um sucesso danado.
Doze anos depois do nascimento de "Maman", dar com uma de suas cópias (Louise fez sete) no Aterro do Flamengo consistiu numa tarefa hercúlea, num périplo que começou três semanas atrás, no porto de Buenos Aires, e que mobilizou uma equipe multinacional composta por pelo menos 40 pessoas.
Na viagem de navio rumo ao Rio, seu segundo e último destino na América Latina este ano, "Maman" dispensou o tradicional plástico-bolha. Esculpida em bronze-silício, que resiste bem a impactos, intempéries e até mesmo a doses cavalares de xixi de cachorro, contentou-se em ser enrolada num cobertor acinzentado e cuidadosamente acomodada num contêiner comercial de 40 pés. Fez uma viagem tranquila.
Para poder se fixar no jardim que fica entre o MAM e o Monumento dos Pracinhas, local escolhido a dedo pelo curador da mostra, Phillip Larrat-Smith, para a obra, "Maman" precisou aguardar o aval técnico de uma equipe de engenheiros e topógrafos cariocas. Durante sete dias, o grupo foi a campo, estudou a curva de nível e a solidez do terreno e concluiu, aliviado, que o espaço poderia, sim, servir de casa para "Maman" por mais de um mês. Era plano e recheado de saibro, uma mistura de argila com areia grossa de grande resistência.
Ciente de que "Maman" pesa dez toneladas e que tende a se esborrachar com todo seu peso contra o chão (só seu corpo pesa duas toneladas), o grupo liderado pelo engenheiro Valdir Bittencourt decidiu redobrar os cuidados com a aranha gigante. Abriu oito buracos na grama do Aterro e instalou em cada um deles uma sapata de concreto armado. Nelas, chumbariam as "unhas" de "Maman" - consideradas o ponto frágil da escultura.
- Agora ela não sai daqui nem se o Irene (furacão que recentemente apavorou a Costa Leste dos Estados Unidos) atingir o Rio! - repetia Bittencourt na última quarta-feira, dia em que "Maman" finalmente chegou ao MAM.
Suando da cabeça aos pés, o americano Eddie McAveney, um quarentão bronzeado que há mais de dez anos trabalha como "babá de 'Maman'", balançou a cabeça demonstrando concordância. Recai sobre seus ombros a responsabilidade de montar e desmontar todas as aranhas de Louise que viajam pelo mundo e de se certificar de que elas estão firmes, estáveis, longe de riscos. Para McAveney, Bittecourt havia feito um bom trabalho.
- Não sei quantas vezes a montei, mas é sempre uma tarefa delicada - contou o americano, sem despregar os olhos da obra. - Há um pouco de técnica e muito de sorte. Conjugamos a habilidade do operador de guindastes com a velocidade dos ventos e a dificuldade inerente à ideia de apertar parafuso a mais de dez metros de altura.
Durante sete horas e sem dizer uma palavra em português, McAveney comandou os 12 homens e os dois guindastes postos a sua disposição pelo MAM. Comunicou-se com as mãos, os dedos, os braços e grunhidos, que supôs de compreensão universal. Muitas vezes foi compreendido, outras, não. Mas, no fim do dia, "Maman" estava de pé.
Eba!
ResponderExcluirvou poder visitar!
Vou pro rock in rio e aproveito para dar uma passadinha no MAM RJ!
:)