Paris, 2011, cidade luz, cento e seis anos pós Einstein, que, em 1905, concebeu a sintética equação: E=MC2. Energia é massa, vezes a velocidade da luz ao quadrado. Porém, aqui, a constante universal, de 300.000 km/segundo, apelido da mais bela e poética cidade do mundo, é substituída. Vamos desacelerar, sair dos holofotes, andar através das rarefeitas e imprevisíveis sombras, às baixas rotações. Vamos muito além do mainstream. Neste post vou falar contra a pressa, contra as filas e as hordas turísticas, vou revelar uma Paris diferente, escondida e incerta, secreta e mal iluminada, ou totalmente iluminada, lindíssima e grandiosa. Daqui surge nova equação. Nossa energia será nossa massa acelerada à inconstância ao quadrado. Vamos andar devagar e olhando tudo, sem destino, sem planos.
Nossas almas normalmente se deslocam entre o passo e o motor. Só gosto de caminhar em Paris. Me sinto culpada de entrar no buraco do metrô e perder algo lindo que poderia estar vendo. De carro ou metrô, não sentimos os cheiros das frutas de feira e não se admira com a calma devida os amores de rua. Paris é a cidade ideal para bicicletas. Plana, segura, semi-organizada. Nunca usamos a Velib, as bicicletas de alugar de Paris, mas acho que deve ser muito bom - próxima vez! O sistema é baseado em estações, pega-se em um lugar, devolve-se no outro. Sete euros a semana. Em todas as boas esquinas da cidade.
Por obrigação mesmo, afinal, você está em Paris, faça o tour (sem bicicletas? Metrô: Compre o Daypass, 5 euros). Não queria falar aqui o óbvio que todos já fizeram mil vezes, mas ai vai...Faça ida ou vinda do Arco do Triunfo, descendo Champs Elysées, parada obrigatória no Ladurée para comer macarons deliciosos...passe horas, dias no Louvre (a loja da Apple é ali, como outras lindas como o L'Artisan Parfums), a esquerda para Ile-de-France, onde está a Notre Dame , passe para a Rive Gauche, perca-se no Boulevard St-Germain, claro, suba na Torre Eiffel. Paradas para água, compras, café. Pronto acabou, tirou suas fotos e o melhor de tudo foi o passeio, não os monumentos. Depois disso: Liberté para cair na balada, na diversão.
Como toda cidade grande, Paris, hoje a maior da Europa, é cheia de armadilhas, instituições de nome sem renome, todas lotadas de turistas. Se for para cair nessa, vá na bagueteria ou Fridays da sua cidade que encontrará mais autenticidade. Não adianta que não como nada nadinha que não seja genuinamente francês, enquanto lá. Não adianta! Mesmo se estiver morta de fome, aguardo.
Paris ainda mantém o ritmo de capital e celeiro cultural, nos últimos anos apresenta alguma decadência também. O mix é bacana. Nas ruas se vêem franceses, mulçumanos, africanos, argelinos, muitos brasileiros. A cidade possui restaurantes muito bons, brasseries estão sempre cheias.Para mim, na primeira noite em Paris, um bom começo é o bar do Hotel Costes, um bar chique e formal, caro, 20 euros o spirit - clássico da cidade, para um happy hour - depois talvez Pizzeria Positano em St Germain de Prés, que é pequena, numa rua estreita, charmosa, se tiver sorte de pegar uma mesa, melhor pizza da cidade.Estou me desdizendo, não é? Eu não como, mas o badalo é forte. Programa ideal.
Hotel Costes de dia e de noite - hot hot hot
atmosfera da Pizzaria Positano...
Crises geram inovação. Se por um lado, a França começa a perder o mercado de vinhos para Chile e Califórnia, por outro começa a exportar novos conceitos. O contra-filé com fritas ao molho especial por exemplo, aqui conhecido como Entrecote, já com representantes em São Paulo, Tokio e Kiev.
Dentro do Hotel Costes, o bar é como um Baretto Fasano local, austero, com um "quê" aristocrático. No miolo um restaurante-jardim. A frequência no horário são franceses de negócios, com o estilo e trejeitos da raça, de meia idade pra cima. Ótimo para um martini. Desta vez, de metrô, chegamos a St Germain e sua Pizzeria Positano. O local é o que pretende ser, vero napoletano, antepastos, vinho da casa, clima rústico e pizzas autênticas. Massa média, pouco recheio, individuais, sem fatias, baratas: Perfeitas. Atmosfera e experiência. Ironicamente, um dos points mais bacanas de Paris é um restaurante italiano.
No templo-sede do nirvana in-the-house, nada de novo, Barcelona, New York... A super franquia de lounges é igual no mundo inteiro. Se nunca foi a um Buddah Bar, vá ao de Paris, é o original. Sei lá, falo isso mas talvez esteja batido demais. Aúltima vez que fui faz anos, mas é bacana.
Em frente a Pont Neuf, vá ao Kong, este Rooftop, da família Phillipe Starck, é um dos mais descolados de Paris. São dois andares com vista total da cidade, excelentes trilhas sonoras e culinária fusion. Elegância à la Luis XVI, pokemons, garçonetes pinups e o politicamente incorreto fazem a cena local. Obrigatório. Este sim, eu amo e vou sempre que vou.
A diferença entre o Croque Monsier, o Croque Madame e os 10 tipos de omelete, não sabemos. A certeza é: todos os bistros de Paris são iguais e deliciosos. Servem tartar com fritas e os garçons são bem antipáticos. Faz parte da cultura.
A casa de todas as casas desta iguaria, entre mais de 30 concorrentes locais, é o L'Entrecote de Paris. Sem cardápio, prato único, escolha o ponto do bife e repita a vontade na batata. Boa pedida para almoço. Nem tente reservar antes. Eu amo e sonho com o sabor!
Se você não estiver com problemas de tempo-espaço... tempo para se perder entre muitas maravilhas e espaço no limite do cartão, a tarde poderá ser reservada para as compras. Vá a Gallerie Lafayette e arredores. Ali toda a oferta de produtos, marcas e diversões da moda podem ser adquiridas a preços europeus. Dentro da galeria, um super magazine de muitos andares, além de todas as maisons e maquiagens francesas, é possível encontrar opções das super brands internacionais, uma padaria fantástica, artigos para o lar e muito mais. Pessoalmente hoje em dia prefiro a Printemps. O segundo andar é maravilhoso, com todos os maiores designers ali representados lindamente. No último andar tem um restaurante lindo, almoce lá. Na região estão também Zara, H&M, e a Laffayete Maison.
Saia da zona turística e vá para onde os parisienses chiquérrimos e antenados fazem suas compras. Au Bon Marché. Ali do lado. Menos estressante. Ultra Posh.
Tem que subir ir Montmartre. Atrás da Catedral, curta a Place de Tertre, sente-se no Mére Caterine. Distrito da luz vermelha. Ainda de dia, ande a pé pelas vielas e curta a energia suja entre os sex shops, cafés e lojas de tecidos. Sinta-se na África, pois lá moram todos os imigrantes Africanos. Se for homem, será abordado na rua por mulheres horríveis. Mulher? Por shows de capoeira brasileira. Mesmo que não queria, uma hora ou outra, você estará em frente ao Moulin Rouge, símbolo máximo da pátria, como a Marselhesa. Anoiteceu, vá embora.
O Hotel Lutetia em St-Germain foge dos predicados da moda e aposta na controvérsia da arte. Totalmente restaurado, o conceito é unir localização, arte, serviço e gastronomia. De forma fixa ali se encontra uma exposição de fotografos renomados e inúmeras suítes temáticas lindamente decoradas. É uma sugestão enquanto se busca estilo às sombras parisienses.
Jean-Luc Jean, concierge icônico poderá auxilia-lo em seus próximos passos, que poderá ser apenas um descanso em seu aposento com estrondosa visão a Torre Eiffel, alguns dos mimos do Spa do Hotel ou restaurante local. Insistindo em sair novamente, poderá também guia-lo para uma das melhores mesas da cidade. Que após um martini no quarto, insistimos de fato em fazer, foram nos dadas as seguintes opções, tidas como melhores de Paris, apesar de termos as nossas cativas.
Le Jules Verne: É só o restaurante chique da Torre Eiffel. Simplesmente inacreditável. Reserve antes.
Alcazar: Bar da moda. Vale a visita.
Le Café du Commerce: Atmosfera autêntica parisiense a preços ok, relax e gente bacana.
La Perle: Bar mais cool, hip e requisitado da cidade. Nas últimas semanas ficou infelizmente reconhecido como o lugar onde o John Galliano foi filmado xingando judeus.
3 estrelas Michelin: Jean-Luc Jean conhece-os todos de cor, mas não é a minha praia. Este noite quero bailar. Deixarei Lucas Cartoon ou Tour D'argent para outra oportunidade.
Baladas em Paris - Depois do Jantar e claro, um pouco de vinho, a energia desbota, mas o verniz desta hora não é dormir; Destilado e musica vão retornar o brilho. A noite derradeira da cidade demandava um blast. Queríamos nos sentir mais jovens. Passamos pelo consagrado Vip Room, que já não mantém sua pompa, nem ao menos circunstância e fomos diretamente para o Le Cab, onde grandes histórias aconteceram.
Ficamos sabemos por uma amigo que o after-partie em Marais, onde ali sim, dizem que as emoções afloram, mas estávamos cansados e voltamos para o hotel.
Dicas quentes:
Nas redondezas de Marais, perto da rue de Reamur encontra-se o Social Club, algo como uma D-Edge em proporções parisienses. Uma das boates mais famosas da cidade e onde toca os maiores nomes da cena Synth e eletrônica do mundo. O público é bem alternativo, já que em Marais 90% das boates são GLS.
Uma passada em Chez Moune, um epicentro da vida noturna de Pigalle, para conferir as festas vips temáticas pode acrescentar ao teor experimental da noite. Caso prefira a eletronic music, é melhor considerar uma parada no Chez Regine, clássica desde os anos 70, e que apesar de reestruturado com uma decoração moderna by "30's", ainda é possível notar traços do passado. Le Bains também é uma ótima opção para desfilar entre os super-stars, ou aspirantes, mas para garantir que sua entrada não seja barrada esteja na moda, trés-chic. Se a preferência for homossexual, vá ao local ás segundas-feiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário