12 de agosto de 2012

"Envelhecer Não É Para Maricas"

vou ser igual à ela, aos 91 anos
Oi oi oi...vem balançar que é uma loucura
As mãos pra cima, cintura solta
Balança que é uma loucura
Morena vem do meu lado, ninguém vai ficar parado
Oooooooooooh, oi oi oi, oh, oi oi oi.


Quem não tem vontade de sair dançando e requebrando ao ouvir esta música? O ritmo delicioso e cadente mexe com algo dentro da gente, algo jovem e alegre, que para alguns, já ficaram para trás. Ando numa crise de envelhecimento terrível, e quero hoje, compartilhar meus sentimentos com vocês. Começou há dois anos, e a cada dia que passa, ando mais lenta, mais devagar, mais pesada, mais cuidadosa. Pular degraus com presteza já não consigo mais. Quero só ficar em casa para ver novelas, coisa que para mim era abominável, dispensando festas e baladas e definitivamente, mais velha. Estou fazendo o mesmo e gostando das mesmas coisas, ao contrário de antigamente, que adorava viajar para lugares diferentes, experimentar restaurantes, vivenciar coisas novas. A proximidade da aposentadoria, pensamentos sobre o que vou deixar o que fiz o que vou fazer daqui para frente. Não estou deprimida, continuo acordando agitada, cheia de coisas para fazer, alegre e contagiada pelo burburinho da vida, mas diferente. Decidi ser uma senhora atual, moderna e atuante, e decidi me inspirar na Iris Barrel Apfel, quem com certeza, parecerei quando velha! Vou contar um pouco sobre ela. É longo mas vale a pena ler tudo.
"Envelhecer Não É Para Maricas", diz ela
 Iris Barrel Apfel, nasceu no Queens, Nova York.Ela é decoradora, e, mostra que do alto dos seus 91 anos de idade, está mais pop do que nunca, e que ter estilo não é para qualquer um…se nasce com! Seu pai tinha uma loja de vidros e fornecia para alguns dos mais importantes decoradores da época e, sua mãe tinha uma boutique. Teve seu primeiro surto aos 8 anos, durante uma sessão de fotos familiares…motivo:as roupas que tinha não eram satisfatórias para o look que ia ser perpetuado! Hoje ela é empresária, designer de interiores e genuíno ícone da moda, e ganhou espaço sob os holofotes na última década graças a sua autenticidade e ao seu inconfundível estilo colorido. Entre 2005 e 2006, foi tema da exposição “Rara Avis: Selection from the Iris Barrel Apfel Collection”, que aconteceu no Metropolitan Museum; em 2007, onde apresentou peças de seu guarda-roupa para o livro “Rare Bird of Fashion: The Irreverent Iris Apfel”; em 2011, fechou parceria com a M.A.C para lançar uma coleção de maquiagem; e ainda anunciou, para 2013, uma linha de óculos em colaboração com a marca eyebobs.O site Into the Gloss, na época da exposição,  aproveitou essa popularidade para fazer uma entrevista extensa em que Apfel fala sobre seu estilo, sua relação com o mundo da beleza, suas dicas para envelhecer com dignidade, e até sua opinião sobre o hype em que ela tem se encontrado nos últimos anos. Vou transcrever para vocês alguns trechos, onde podemos conferir os destaques que revelam a graciosidade e o bom humor de Iris Apfel:
Sobre o processo de envelhecimento: “Envelhecer não é para maricas, vou te contar. É muito engraçado. Eu tenho uma querida amiga cuja mãe faleceu, mas ela era muito engraçada. Quando eu perguntava ‘Yuda, como você está se sentindo?’, ela dizia, ‘Oh – quando eu acordo de manhã, de todas as coisas que eu tenho duas unidades, uma dói’. Você tem que se forçar quando você é velho, porque é muito fácil cair na armadilha. Você começa a desmoronar – e precisa fazer o melhor possível para se manter firme. Acho que fazer coisas e se manter ativo é muito importante. Quando sua mente está ocupada, você não sente tanta dor. Graças a Deus eu amo fazer coisas. Eu me sinto abençoada por ter todas essas oportunidades nessa fase da vida”.

Sobre seus cuidados de beleza: “Eu não faço muita coisa relacionada à beleza. Uso coisas muito simples na minha pele. Não tenho tempo. Antes eu fazia tratamentos faciais, e ia para casa carregada de produtos, pagava muito dinheiro e não usava nada. Um dia um dermatologista me disse para usar Cetaphil para limpar o rosto, e para hidratar, e é isso que faço. Eu usava – quando era mais nova – maquiagem bem, bem pesada nos olhos e lábios muito vibrantes. Agora que estou mais velha, não maquio mais os meus olhos porque quando você é mais velha, suas pálpebras enrugam. Se você usa azul ou verde, e não é uma expert, acaba parecendo uma tartaruga”.

Sobre envelhecer com dignidade: “Envelhecer graciosamente é não usar maquiagem pesada (…) e não tentar parecer mais nova (…) Eu acredito que foi Chanel quem disse ‘Nada faz uma mulher parecer tão velha quanto tentar desesperadamente parecer jovem’. Acho que você pode ser atraente em qualquer idade. Acho que tentar parecer jovenzinha quando você não é te faz parecer ridícula. Sou muito contra a cirurgia plástica. Acho que – Deus me livre – se você se envolver em um acidente, ou se for amaldiçoado com o nariz do Pinóquio, tem que ir e consertar. Mas para entrar debaixo da faca, acho que é muito doloroso, muito caro, e tendo passado por hospitais tanto quanto eu passei, se submeter a cirurgias quando você não precisa delas não é uma coisa inteligente. (…) Acho que se as mulheres usassem mais desse tempo e dinheiro em suas cabeças, elas ficariam melhores.

Sobre seu marido, Carl Apfel: “Ele tem 97 anos. Eu estava dizendo essa manhã, que se durarmos até fevereiro, completaremos 64 anos de casados. Nós usamos o mesmo perfume. O nome é Yagatan, é da Caron – não é muito famoso. É difícil de encontra-lo por aqui, por isso nos acostumamos a compra-lo em frascos bem grandes, e a guarda-los na geladeira – é isso que nos falaram pra fazer”.
Sobre seus cuidados com a saúde: “Sou muito ativa e não fico sentada por muito tempo. Gosto de comer bem, não gosto de comida doce, e não como porcaria. Eu gostava de beber, não muito, é claro – agora eu só tomo vinho no jantar. (…) Às vezes dizem que não como o suficiente, mas é melhor comer a menos do que a mais. Acho que as pessoas ficam mais doentes por comer muito das coisas erradas. O corpo é como uma máquina – se você não coloca o tipo certo de combustível, ele não vai funcionar tão bem, ou vai ficar congestionado. Eu costumava fumar muito, e há uns 50 anos parei de uma vez – e eu fumava quatro maços por dia. Meu marido havia me comprado uma linda cigarreira que tinha um filtro, e você podia tira-lo e ver toda aquela gosma marrom, e eu dizia ‘Oh, isso está em mim? Oh!’.

Sobre o hype em torno de sua pessoa: “Nunca tive muito mentores ou ícones nem nada, eu simplesmente fui indo. Quando era muito jovem, talvez em minha adolescência, fui fazendo experimentações até que encontrei o que eu gostava. Não demorou muito tempo. Não gosto de tendências mesmo – gosto de tradição. Estou fazendo o mesmo e gostando das mesmas coisas. Claro, dizer que eu não mudo faz com que eu soe estúpida. Você vai mudando com o tempo. Quer dizer, você cresce – mas a minha sensibilidade básica é a mesma. Não estou fazendo nada violentamente diferente do que eu fazia há 50 anos. Isso é lamentável, meu marido e eu rimos disso o tempo todo porque pensamos ‘Meu Deus’, essas garotas dizem que eu sou ‘cool’, ou ‘hot’, ou qualquer que seja a expressão, e eu não estou fazendo nada diferente do que fazia há muito tempo. É engraçado. Não posso dizer que não gosto, é muito lisonjeiro. De fato, acho que uma das coisas mais lisonjeiras que já ouvi – sabe, eu quase caí da cadeira quando ligaram pra me contar – é que a PR da grife Alexis Bittar tem uma tatuagem minha no pulso. É um ótimo retrato! Eu ainda não o vi em pessoa, mas aparentemente se parece exatamente comigo”.