1 de maio de 2012

A Arte de Roger Regner...Amei


Conheci o artista plástico Roger Regner há dois dias atrás, e fiquei encantada. O sorriso  doce, a voz calma e a delicadeza dos gestos escondem um talento enorme. O jeito de menino não deixa dizer o caminho longo já percorrido e o sucesso alcançado. À medida que vamos conversando, fica patente sua capacidade e conhecimento do que faz, e bem. Atualmente divide seu tempo entre Nova Iorque e Brasília, e acaba de participar de uma coletiva no Museu da República. Lindos os quadros que foram mostrados na coletiva. Perguntei o preço, que me pareceu justo e convidativo, mas segundo ele, aquelas dois não estavam à venda, pois pela primeira vez, teve vontade de ter suas obras por perto. Ele começou a me mostrar fotos de suas telas, tapeçarias, instalações, e fiquei encantada. Na foto ele mostra um de seus quadros e à direita, um retrato que a designer de jóias Carla Amorim encomendou, onde ele usou uma técnica de sobreposição de foto, desenho e pintura. Não poderia deixar de partilhar com vocês. No site do Roger, http://cargocollective.com/rogerregner, vocês podem ver suas obras e se quiserem entrar em contato com ele, mandem um e-mail renger21@aol.com . Amei os momentos que passei com ele, vendo suas lindas obras e conversando com uma pessoa tão interessante e querida!
                              olha que quadro lindo, parece uma textura de fios

a tapeçaria acima foi encomendada pela arquiteta
Elizabete Rosso para decorar uma casa de Brasília
A obra de Roger Regner revela uma combinação de inspirações e técnicas que lembra, não tanto no resultado final, mas na sua essência, o "melting pot" Nova-iorquino, a grande mistura de pessoas naquela cidade, elemento que sempre o atraiu. Inspirado, nas artes visuais, por Gustav Klimt, Marcel Duchamp, Louise Bourgeois, Bispo do Rosario, Henri Cartier-Bresson, Keith Haring, Maurizio Cattelan e Sebastião Salgado, Roger criou uma linguagem muito peculiar e sutil, tanto no conceito, quanto na estética, porém, a música, essa forma artística invisível, é a sua maior inspiração. “Meu trabalho é, predominantemente, fruto de um desafio utópico, impulsionado pelo desejo de traduzir e materializar o que é etéreo. Tento reproduzir ondas sonoras, o caminho percorrido pelo vento, ou sensações como a de uma ansiedade prazerosa. Me interesso por universos que possam existir além da matéria; procuro torná-los palpáveis. Seus nascedouros, freqüentemente, originam do imaginário. Por se tratar de uma tarefa irrealizável, eu batizei esse esforço de EM CONSTRUÇÃO, já que tal pesquisa será sempre permeada por tentativas e buscas infindáveis. "Desconstruo" imagens figurativas afim de torná-las abstratas; em contrapartida, a partir de formas abstratas construo desenhos figurativos. A fusão desses dois processos gera a alquimia que pretendo produzir. Contudo, a música é meu clichê inspirador maior. Gostaria de pintar a alma de Nina Simone, as canções de Chico Buarque, uma sonata de Brahms ou as muitas nuances harmônicas percebidas em composições de bandas como Queen e Siouxsie and the Bansh. Outro interesse intenso, mesmo que infrequente, rege minhas criações: a condição humana. Esse interesse é expresso por meio de instalações que tendem a ser motivadas por temas sociais e/ou políticos. Nesse caso, a orientação dessas mensagens, pelo menos conceitualmente, é raramente nutrida dentro de um espaço poético...ela nasce principalmente no domínio filosófico.”
Autoditada, Roger, apartir de 1994, fixa residencia em Nova York, onde age experimentalmente em vários setores das artes visuais. Seu embasamento nesse campo vem de outras formas de expressão artística, como a música e as artes cênicas. Nos anos 80 teve passagem contundente por essas áreas, estudando canto com o mestre Francisco Frias, na Escola de Música de Brasília e participando do Coro de Opera do Teatro Nacional, sob a regência de Silvio Barbato. Trocou o erudito pela cena eclética de rock que acontecia em Brasília naquele momento, formando ou juntando-se a algumas bandas locais, como Arena e Intersemiotica. No teatro, fez parte do grupo do Diretor Dimer Monteiro, na UNB, como ator, cenógrafo e, juntamente com o músico Daniel Baker, compositor; além de, na área de interpretação, participar de oficinas, com Hugo Rodas. Posteriormente, no início dos anos 90, trabalhou com o diretor de teatro Robson Graia. Contudo, muito antes dessas ocorrências, na década de 70, o prenúncio do que viria a constituir a sua forma de expressão mais marcante, já oferecia pistas. Com apenas 8 anos de idade, apossou-se da máquina fotográfica de seu pai. A velha câmera alemã oriental Praktica, com a qual aprendeu a fotografar praticamente sozinho, é a mesma utilizada por Roger, ainda nos dias de hoje. Influenciado pelas formas esculturais e pelo simbolismo moderno de Brasília, além da dramaticidade da paisagem e da vegetação do cerrado, tornou-se um artista multimídia. Cresceu junto com a nova Capital, vivenciou seu desenvolvimento, e, em meio aos espaços insólitos e frios da mesma, aprendeu a criar, confortando-se em seus próprios desenhos.
Sua grande curiosidade com relação a outras culturas, motiva-o a traçar, em 1989, uma rota de fotógrafo independente, registrando, desde a Espanha, nos 7 anos seguintes, outros países europeus, México, Japão, Canadá, América Central, Tailândia, Cingapura, Malásia, e, finalmente, Estados Unidos, onde fixou residência. Decorridos quase 20 anos de viagens, em 2005 inicia a execução do projeto de vida e obra, intitulado UNDER CONSTRUCTION. Daí integra mostra coletiva, em 2006, na Galeria Potrich, em sua cidade natal, Goiânia. Desde então, vivendo e trabalhando entre o Brasil e os Estados Unidos, e dedicando-se exclusivamente à criação, Roger produziu e apresentou substancial variedade de trabalhos que unem, ora o desenho e a pintura, ora estes, com a fotografia, e incorporando essas fusões a objetos, peças esculturais, tapeçaria, instalações, vídeo, entre outros. Nesse contexto, com uma técnica particular e pouco ortodoxa, produz trabalhos isentos de regras preconcebidas. Seu interesse por outras expressões artísticas resultou em trabalhos com artistas de performance, com diretores de teatro e cinema, e com designers, como Regis Duarte. Roger foi um dos diretores de arte e fotógrafo do documentário Community Actvism and the Downtown Scene de Cristiane Bouger (seleção oficial do Festival Movement Research 2008 de Nova York e In-Presentable 2008 em Madrid, na Espanha). Sua câmera captou momentos do coreógrafo Dean Moss, Guerilla Girls on Tour e da icônica fundadora do La Mamma Theater, Ellen Stewart. Fotografou (vídeo e digital), no CBGB's, Sensuality in (and) America, tambem de Bouger, e sua vídeo-performance no Dixon Place, Walk East: Erotic Poems, de Norma Kluster. Três de suas fotografias, integrantes da preparação do curta/performance “Closer” (seleção oficial do Festival Fringe Programme 2008, África do Sul e Cinemas Different 2008, Paris) foram postadas na edição no 8 da revista eletrônica de arte IDEAFIXA e publicadas no respectivo livro Ideafixa Greatest Hits, em 2009. Uma dessas fotografias foi destacada em página cultural da revista SUPERINTERESSANTE. Em outro trabalho com Cristiane, a video/ performance "The Four Seasons", apresentada, em Nova York, no festival Anthology Film Archives - 2010, Roger foi o diretor de fotografia (video e digital). Em 2007, foi convidado a apresentar três trabalhos na exposição sobre aquecimento global, Art of Global WarNing, apoiada pelas instituições ambientalistas Amazon Coalition e Climate Project, de Al Gore, na The New Century Arts Gallery, em Chelsea, Nova York. Em 2008, passou parte do ano no Brasil, quando criou 13 quadros para a sua primeira exposição individual TREZE, organizada por Denise Zuba, em Brasília. Nessa ocasião, criou um painel de vidro, com exclusividade, para linha Carrapixo do designer Guto Indio da Costa. Nesse mesmo período, produziu, trabalho encomendado por Rubens Bontempo, visando reinterpretar fragmentos arquitetônicos da cidade histórica de Petrópolis. Iniciou 2009 com exposição no Barraco Multiespaço, em Porto Alegre, onde co-participou com seu amigo, o fotógrafo Thiago Coelho, e, apontado pelo Sen. Adelmir Santana (SEBRAE-DF e SESC-Df), fechou o ano integrando a 5a edição da mostra "ARTISTAS BRASILEIROS- PINTURAS", no Congresso Nacional, evento que reuniu obras de representantes de todos os estados brasileiros. Em 2011 começou parceria de trabalho, em Nova York, com Ryan Greene da Bonni Benrubi Gallery e com a curadora Kanae Maeda da Clear Gallery, Japão. Em junho do mesmo ano Roger assinou a direção de arte do filme de Bethania Victor sobre Ducilna de Moraes, com lançamento previsto para 2013. Em maio, realizou individual de fotografia no Atelier de Productie, em Bucareste, Romenia (evento patrocinado pelo Romananian Cultural Institute - New York and the Centrul National al Dansului - Bucuresti). Em agosto de 2011, abriu individual de pinturas na Lon Hamaekers Gallery, do Watermill Ateliers Art Center, nos Hamptons - NY. A edição primavera 2011 da revista The Battered Suitcase traz uma variada seleção de suas obras. No primeiro semestre de 2012, participada da coletiva MAB - Diálogos da Resistência, no Museu Nacional, em Brasília, da mostra Ocupação, na Galeria Mascate, em Porto Alegre e do Festival de cultura latino-americana e africana - FLAAC, com a instalação de interferência CARAMETADE, no campus da UNB (Universidade de Brasília).Texto de Nicolas Meyer


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